ATA DA CENTÉSIMA PRIMEIRA
SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM
15.09.1987.
Aos quinze
dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Centésima Primeira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a
existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Centésima Sessão
Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA
foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 01 Pedido de Providências,
solicitando que a SMOV realize o nivelamento do terreno encascalhado do
estacionamento da Câmara Municipal de Porto Alegre; pelo Ver. Frederico
Barbosa, 03 Pedidos de Providências, solicitando fechamento de buracos na Rua
Carijós e Coqueiros; que sejam efetuados estudos para implantação de
Táxi-lotação na Rua José de Alencar e Av. Praia de Belas até o Centro;
desobstrução dos bueiros da Rua José de Alencar com a Av. Praia de Belas; pelo
Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Informações acerca dos valores que foram
retidos a título de Imposto de Renda na Fonte, na Administração Centralizada e
Autarquias, nos meses de janeiro a agosto do corrente ano; pelo Ver. Isaac
Ainhorn, 01 Projeto de Resolução nº 32/87(proc. nº 2000/87), que concede o
título honorífico de Cidadão Emérito ao Engenheiro Abrão Aspis; pelo Ver. Paulo
Satte, 02 Pedidos de Informações, acerca do Projeto de Urbanização da Praça
Triângulo no Bairro Rubem Berta; acerca do Projeto Guapuruvu; pelo Ver. Raul
Casa, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 86/87 (proc. nº 2019/87), que
denomina Rua Irmã Jacomina Veronese um logradouro público. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 487; 500; 489; 490; 491; 492; 493; 494; 495; 496; 497;
498; 499; 501; 502; 503/87, do Sr. Prefeito Municipal; 550/87, da Câmara
Municipal de Rio Grande. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Paulo Satte comentou reunião
realizada com o Executivo Municipal para a definição do mutirão a ser feito na
Zona Norte, congratulando-se com o Prefeito Alceu Collares e comentando obras a
serem realizadas naquela Zona, na busca de soluções para os alagamentos da
área, a dragagem do Arroio Sarandi, patrolagem e limpeza de ruas, conclusão de
praças e instalação de rede de água. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Hermes
Dutra discorreu sobre o serviço de transporte coletivo por táxis-lotação, dizendo
que o mesmo não vem correspondendo aos objetivos para os quais foi criado.
Atentou para o transporte de passageiros em pé, apesar de expressamente
proibido por lei, e para demais irregularidades observadas neste tipo de
serviço, salientando a necessidade de maior fiscalização na área por parte da
SMT. Declarou que dará entrada com Projeto de Lei que buscará impedir a
transferência de táxis-lotação, comentando o assunto. O Ver. Jorge Goularte
comentou decisão do Tribunal Federal de Recursos, que julgou procedente a ação
de um povo de mutuários que buscava um reajuste das prestações da casa própria
embasado no aumento salarial, destacando sua importância e cumprimentando os
advogados responsáveis pela ação. Criticou o novo plano da Caixa Econômica Federal
para financiamento de imóveis usados, atentando para o fato de que as condições
exigidas para esses financiamentos o dificultam muito para o público ao qual se
destinam. Questionou os reais objetivos encontrados sob as dificuldades
impostas aos candidatos aos financiamentos oferecidos. A seguir, por
solicitação do Ver. Getúlio Brizolla, foi efetuada nova verificação de
“quorum”. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente deu
continuidade aos trabalhos. Ainda em COMUNICAÇÕES, O Ver. Clóvis Brum discorreu
sobre o Programa “Câmara e Comunidade”, de ontem, dizendo ter sido o mesmo
utilizado como propaganda do Executivo Municipal e criticando esta situação.
Ressaltou declarações ali efetuadas, em especial de parte do Diretor-Presidente
da Companhia Carris Porto-Alegrense, acerca da situação positiva em que se
encontra essa Companhia dizendo que, caso seja verdadeira a informação de que a
Cia. Carris Porto-Alegrense esteja dando lucros, dada pelo Sr. Nélson Castan,
torna-se sem razão qualquer aumento nas tarifas do transporte coletivo.
Solicitou a busca dos devidos esclarecimentos acerca da situação real desta
Companhia e dos usos que estão sendo feitos dos recursos passados ao Município
pela Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos. O Ver. Flávio Coulon
reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Clóvis Brum, acerca do Programa
“Câmara e Comunidade”, concordando com críticas feitas ao mesmo quanto à
participação do Executivo Municipal e manifestando a preocupação da Bancada do
PMDB quanto à questão. Solicitou do PDT o encaminhamento, à Casa, do Projeto de
Lei que cria a Secretaria Municipal de Cultura, a fim de que ele possa ser
votado ainda este ano. Registrou resposta enviada, pela SMT, a ofício que
encaminhou em julho do corrente ano, solicitando daquela Secretaria uma maior
agilização no envio de respostas a solicitações feitas pela Casa. Disse ter
recebido diversos pedidos para que o Executivo Municipal de Porto Alegre
publique o vencimento de seus servidores, discorrendo a respeito. Em COMUNICAÇÃO
DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado da Rocha teceu comentários acerca do Programa
“Câmara e Comunidade”, de ontem, salientando as dificuldades encontradas na
direção dos trabalhos deste tipo de programa e analisando os problemas para sua
criação e desenvolvimento e os objetivos essenciais nos quais deve se embasar.
Discorreu sobre o papel dos Legislativos dentro do quadro político, atentando
para os diversos perseguidores que possuem essas instituições, alguns dos
quais, inclusive, saídos das próprias casas legislativas. Ainda em
COMUNICAÇÕES, a Verª. Jussara Cony leu notícia veiculada no Jornal Folha de São
Paulo, do dia nove do corrente, acerca de posicionamento assumido pelo
Presidente José Sarney, que tomou como um golpe do PMDB contra seu governo a decisão
de transferir para as Secretarias Estaduais de Saúde a organização do
atendimento médico, criticando tal atitude do Presidente da República e
analisando o assunto. Comentou propostas defendidas pela Oitava Conferência
Nacional de Saúde, tais como a implantação no País de um sistema único e
público de saúde e o dever do Estado de garantir este sistema, na busca de uma
estatização progressiva do setor e seu acesso a todo o povo brasileiro. E o
Ver. Cleom Guatimozim discorreu acerca da abertura, pela Caixa Econômica
Federal, de financiamento para a compra de imóveis usados, atentando para as
condições exigidas para tais financiamentos, que impossibilitam o acesso aos
mesmos pela classe trabalhadora, a qual deveriam se destinar esses recursos.
Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon referiu-se a notícia
publicada no Jornal Zero Hora de hoje, na coluna “Bastidores”, intitulada
“Brizola censura divisão do PDT”, segundo a qual o Sr. Leonel Brizola não
aceitaria divisões dentro de seu partido, analisando as influências que este
fato terá sobre o Grupo da Unidade Socialista, que defendia um maior debate
interno acerca das normas a serem seguidas pelo PDT. A seguir, foi efetuada
nova verificação de “quorum”, por solicitação do Ver. Getúlio Brizola. Na ocasião,
o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem da Verª. Bernadete Vidal, acerca do
procedimento regimental a ser seguido pelos Parlamentares da Casa. Constatada a
inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes e convidando-os
para a Sessão Solene, a seguir, em homenagem aos 150 anos da Brigada Militar.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Luiz Braz,
Frederico Barbosa e Jaques Machado e secretariados pelos Vereadores Frederico
Barbosa, Cleom Guatimozim e Raul Casa, os dos últimos como Secretários “ad
hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente
e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Passamos ao período de
O Ver. Paulo Satte está com a palavra por dez minutos.
O SR. PAULO SATTE: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, por inúmeras vezes, subimos a esta tribuna, apesar de pertencermos
ao mesmo Partido, ou seja, o PDT, para criticar a atual Administração da qual o
Sr. Alceu Collares, hoje, é o Prefeito. E, hoje, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, fui convidado para essa reunião, pelo Sr. Prefeito, que se realizou
no DEMHAB, com sua Excelência e todo o Secretariado, juntamente com este
Vereador. O mutirão será realizado na Zona Norte de Porto Alegre.
Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje, daqui desta Tribuna,
quero congratular-me com a atual Administração, por reivindicações nossas
encaminhadas, levantamento que fizemos em toda a Zona Norte de Porto Alegre,
hoje ficou definido o que será feito. No que o tempo melhorar e as águas
baixarem, atacaremos, em primeiro lugar, os alagamentos da Zona Norte de Porto
Alegre, como por exemplo: na Vila Elisabeth, Parque Residencial Sarandi. Temos
aqui um levantamento que fizemos em dias de chuva: a Praça Elias Jorge
Moussallis, Jackson de Figueiredo, esquina Vieira da Cunha; entre a 21 de Abril
e Rodrigues da Costa, Av. 21 de Abril esquina Figueiredo Mascarenhas; Av. 21 de
Abril, entre as Avenidas Farias Lobato e Martins Bastos; Av. Martins Bastos,
entre as Avenidas Martins de Abril e Toledo Pizza; Av. Toledo Pizza, entre Av.
Martins Bastos e Av. Gaúcho; Rua Rodrigues da Costa esquina Av. Minas Gerais;
Av. Minas Gerais, entre a Rua Rodrigues da Costa e Oliveira Lopes; Rua Moureira
da Silva esquina Av. dos Gaúchos; Av. Alcides Maia, entre as Ruas Faria Lobato
e Minas Gerais; Rua Oliveira Lopes esquina Martins Bastos; Rua Rodrigues da
Costa esquina Av. Minas Gerais; Rua Xavier de Carvalho e Felipe dos Passos
esquina com Passos de Figueiroa, ambas localizadas nas Vilas Elisabeth e Parque
Residencial Sarandi.
Será feita também, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a dragagem do
Arroio Sarandi. A dragagem do valo paralelo do Arroio Sarandi localizado na Rua
C da Vila Nova Brasília. Será feita a pavimentação da Rua José Ignácio da
Cunha, que a serve de retorno para o Bairro Ruben Berta. Patrolagem e limpeza
de valetas no Beco do Sebo. Na Vila União, será feita a conclusão da praça na
Vinte e Um de Abril, a instalação da rede de água. Na Vila Nossa Sra.
Aparecida, serão limpas as valas, será feita a patrolagem na Rua Sr. do Bomfim.
Será também feita a travessia de canalização da Bernardino Silveira Amorim para
desaguar no arroio que deságua, por sua vez, no Rio Gravataí. A pavimentação
será iniciada ainda no período desse mutirão, porque já foi liberada a verba,
para a pavimentação das vinte e uma ruas da Vila Santa Rosa. É testemunha disso
a Vereadora Jussara Cony, que, no encontro de Câmara e comunidade que ora fora
realizado na Vila Elizabeth, o Sr. Prefeito Municipal havia me comunicado e que
este Vereador, por sua vez, poderia comunicar aos moradores da Zona Norte de
Porto Alegre. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez,
queremo-nos congratular com a atual Administração que foi sensível aos
problemas cruciais da Zona Norte e, se Deus quiser, segundo promessa do Sr.
Prefeito, juntamente com seu Secretariado, hoje pela manhã, estas obras todas
terão início assim que as águas baixarem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra em tempo de Liderança.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero fazer um apelo particular a um ilustre colega desta Casa,
Ver. Elói Guimarães, para intensificar a fiscalização nos lotações da Cidade.
Este serviço de transporte, originariamente, concebido para ser um transporte
seletivo com uma tarifa acima do custo normal que devera ser, exatamente, para
que o usuário pudesse pagar o conforto que desfrutaria no trajeto que
eventualmente viesse a percorrer dentro destes veículos não têm correspondido
ultimamente.
Pois, vejam V. Exas., desde a última greve dos ônibus, os lotações
desta Cidade, a maioria já está nas mãos dos empresários de ônibus, já não são
mais chamados autônomos, são empresas que compraram estas lotações, isto é o
que se comenta abertamente, foram autorizados, pelo Sr. Prefeito, para transportarem
passageiros em pé, parece que os senhores proprietários dos lotações gostaram
da experiência e continuam transportando passageiros em pé, mesmo que isso seja
expressamente proibido na Lei que criou esse sistema de transporte. E o que é
mais grave, ainda, é a forma como estes veículos são dirigidos na Cidade. Já
mais de uma vez este Vereador teve a oportunidade de evitar acidentes pela
parada abrupta e sem sinalização, feita por irresponsáveis que dirigem estes
veículos, transtornando não somente o trânsito, mas, sobretudo, colocando em
risco a vida daqueles que dirigem automóveis, sem contar a vida do próprio
passageiro do lotação que, muitas vezes, no desespero de pegar o transporte
para não chegar atrasado ao serviço, comete imprudências até a porta de acesso
a este veículo.
Eu sei que a fiscalização é um pouco difícil, mas eu acredito que uma
blitz bem comandada, com multas rigorosas, acho que vai diminuir o problema. E
vou mais longe, o Prefeito João Dib quis instalar paradas para os lotações da
Cidade, e esta Casa não aceitou. Mas eu tenho dúvidas se esta não era uma
solução adequada, porque a forma como está transformada, principalmente a área
interna, a primeira Perimetral, é altamente problematizada pela parada desses
veículos, com sérios transtornos ao tráfego, e até com risco de vida para os
usuários do sistema. Esses veículos que, teoricamente, deveriam ter uma dosagem
de asseio acima da média, na maioria das vezes, estão sujos, os motoristas são
mal-educados e, afinal de contas, se pergunta por que, ou melhor, de que
adianta os passageiros pagarem uma tarifa mais alta, se não têm um serviço
competente e adequado ao preço que pagam? Não vou falar na gentileza dos
motoristas e cobradores dos ônibus, vou falar na dos táxis-lotação, porque esses
têm obrigação dobrada com o passageiro, porque ganham mais para prestar um
serviço com mais eficiência, mais cortesia, mais rapidez e, sobretudo, mais
segurança. E essas quatro coisas são o que menos se vê no transporte de lotação
da Cidade. É lamentável que os permissionários desse serviço não estejam
correspondendo à expectativa da Cidade. Vou ingressar com Projeto de Lei
vedando a transferência de táxis-lotação, a não ser por “causa mortis”, e dando
um prazo para que as atuais concessões sejam transferidas para autônomos, e que
a fiscalização seja mais rigorosa. Que o nobre Ver. Elói Guimarães incentive a
seus fiscais a multarem, e vamos tornar a legislação mais rigorosa, e que, a
partir de um determinado número de reincidências, seja cassada a permissão,
porque não pode admitir que um serviço que custa caro e que encarece,
inclusive, a passagem do ônibus, porque desvia o usuário do serviço dos
coletivos, não seja prestado à altura. Espero que o Sr. Secretário dos
Transportes, efetivamente, intensifique a fiscalização e que toque multa nesses
caras, porque é, exatamente, o que eles estão precisando, e se houver muitas
reincidências, as permissões devem ser cassadas e serem dadas oportunidades
para novos profissionais, e não mais para empresas, porque, afinal de contas,
temos que prestigiar, também, aquela mão-de-obra própria, que é daquele que não
tem muito capital, mas tem um pouquinho e que, com um empurrãozinho do Poder
Público, consegue levar uma vida relativamente digna. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pela
Liderança do PL, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, leio hoje nos jornais que o Tribunal Federal de Recursos julgou
procedente a ação de mais de 700 mil mutuários, determinando que o reajuste das
prestações da casa própria seja feito pelo aumento de salário, ou seja, pelo
Plano de Equivalência Salarial. Embora ainda haja uma instância superior para
julgar este fato, parece-me de grande relevância esta vitória dos mutuários,
que começou no nosso Estado, com uma decisão dos nossos juízes que, hoje, em
todo o Brasil, está sendo usada como parâmetro para outras ações.
Mas o que me traz à tribuna, além de cumprimentar os advogados destas
causas, é o fato de comentar, também, o novo plano de abertura de crédito da
Caixa Econômica Federal, que é uma verdadeira estupidez. Só pode tirar
empréstimo na Caixa quem não precisa dele. Ora, enquanto neste País não se
derem conta de que o imóvel usado é que breca a venda de imóveis novos, na
medida em que não é permitida a transferência dos mesmos para outras pessoas,
parece-me que não vai haver a rotatividade necessária e decisiva dos imóveis
atualmente construídos e sem mercado. Sou conhecedor da matéria, pois, digo com
muito orgulho, sou corretor há 30 anos e sei muito bem que, enquanto não houver
uma facilidade no que concerne à redução do saldo, para que o mutuário possa
adquirir um imóvel de segunda mão, ou seja, um imóvel usado, como
transferência, ou, pelo menos, que o novo adquirente pague exatamente o saldo
existente para a prestação existente. Porque, o que interessa para Caixa
Econômica Federal, que o Lauro pague, ou que o Goularte pague, tanto faz.
Parece-me que, enquanto não houver pessoas de bom senso, que pensem nessa
situação, nós vamos continuar no mesmo caos, onde existe a grande ênfase de que
vão abrir os empréstimos para a aquisição dos imóveis usados, a pessoa tem que
ter conta há mais de 6 meses, tem que ter uma proporção de poupança na base de
400 mil, e ainda tem que ter a capacidade aquisitiva, na base de 70, 80 mil
mensal. Ora, convenhamos, isso é para quem não precisa, porque quem preenche
essas condições não precisa dos empréstimos da Caixa Econômica Federal, e quem
não tem estas condições, jamais terá; parece-me que tem ali exame de fezes,
exame de sangue, que a avó tenham mais de 95 anos, que more longe, etc., coisas
absurdas, desta ordem. E, além de tudo, o máximo é de 2000, ou seja, cinco mil
OTNs, que está na base de Cz$ 2.000.000,00 e pouco. O que dá para se comprar
com esse dinheiro e de que maneira vão pagar os mutuários novos? A questão
primordial não é abrir o crédito para esses imóveis usados, mas permitir que
esses imóveis possam ser acomodados por outros compradores, através de
vendedores que estão vendendo esses imóveis por dois motivos: ou por não poder
pagá-lo, ou por querer adquirir algo de maior preço; isso seria acomodação de
renda, para que houvesse a possibilidade de rotatividade desses imóveis, e isso
permitiria uma condição de compra maior para a população. Na forma como está
sendo feito, jamais se resolverá o problema habitacional brasileiro, e o
fechamento do BNH, além de ter sido um erro imperdoável, trouxe uma situação
insustentável.
Há poucos dias tentei quitar um financiamento e tive de ligar até ao
Ministro da Justiça porque ninguém sabia dizer qual era o órgão responsável
para dar esta informação e no fim fiquei sabendo que o órgão responsável é o
Banco Central, que fiscaliza as contas dos mutuários do BNH. Vejam só o absurdo!
Vejam a que ponto chegamos! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Solicito que a Mesa faça a verificação de “quorum”.
(A Sra. Teresinha Irigaray assume a Presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Estou dentro do Regimento Interno, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: O seu pedido está sendo
atendido, Ver. Getúlio Brizolla.
(O Sr. 2º Secretário procede à verificação de “quorum”.)
O SR. 2º SECRETÁRIO: Há “quorum”, há 14
Vereadores presentes, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: O Sr. Secretário registra a
presença de 14 Srs. Vereadores no Plenário, dando existência de “quorum”.
Próximo orador inscrito é o Ver. Paulo Sant’Ana, que transfere o seu
tempo ao Ver. Nilton Comin, que, por sua vez, cedeu ao Ver. Clóvis Brum. V.
Exa. tem 10 minutos em Comunicações.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, ontem assisti a um programa a “Câmara e Comunidade” de maneira
constrangida. Levo o assunto ao conhecimento do Plenário para que a Mesa
Diretora da Câmara Municipal revise esse programa. Não pode ocorrer mais
programas como o de ontem! O que aconteceu foi um programa pago pela Câmara
Municipal de Porto Alegre para desfilar um grupo de Secretários, a festejar
obras inauguradas, obras realizadas. A Câmara foi lá para ouvir os problemas da
comunidade e não para ouvir um elenco de obras que teriam sido feitas pela
Administração Collares. Foi desagradável o assunto! Muito desagradável! E agora
eu só quero com tudo isso e de tudo isso dizer uma coisa: uma equipe do
Prefeito Alceu Collares que assessora o Prefeito, em nível de transporte
coletivo, é uma equipe mentirosa e safada ou o Prefeito está a tutelar os
direitos e a tutelar de maneira pública os interesses dos empresários do
transporte coletivo de Porto Alegre. Ontem o Diretor-Presidente da Carris fez
uma afirmação: que ele passará para a História como um homem correto,
bem-informado, e o Prefeito como mentiroso ou o Sr. Castan passará para a
História como o maior atochador barato dessa praça. Pois o Presidente da
Carris, o Diretor dos ônibus do Município, de propriedade do Município, afirmou
ontem, de público, que está gravado na fita da Rádio Sucesso, que a Carris
estava tendo lucro ao ponto de dispensar qualquer contribuição do Município e
renovar parte de sua frota para os seus recursos próprios. Se este fato é
verdadeiro, quero cumprimentar o Diretor da Carris, que, competentemente,
dirigiu a Carris e, portanto, não se vai repassar nenhum aumento, doravante,
aos transportadores dos nossos usuários do transporte coletivo aos empresários.
Agora, se essa afirmativa do Dr. Castan é idêntica à afirmativa já feita em
vezes passadas, de que a Carris está tendo lucro, de que esta tarifa atende aos
interesses dos transportadores, se esta afirmação é verdadeira, o Sr.
Secretário dos Transportes e o Prefeito Alceu Collares terão que justificar à
opinião pública por que estão repassando aumento em cima dos usuários do
transporte coletivo para os empresários. E aí, esta equipe é mentirosa ou o
Prefeito está a tutelar os direitos dos empresários. Quero transmitir ao
Presidente da Casa que, quando se trata de a Câmara comparecer às vilas
periféricas, às vilas abandonadas, como, por exemplo, o Bairro Bom Jesus, que
V. Exa. tão brilhantemente dirigiu os trabalhos, quando lá comparece a Câmara
para ouvir a comunidade, não comparece nenhum representante do Poder Executivo,
porque esta Vila está abandonada. Quando é para festejar obras, cujos festejos
duvidosos não me preocupam, a Câmara, na sua programação de "Câmara e
Comunidade", é obrigada a passar os microfones de um programa pago pela
Casa para que o Secretário da SMOV, para que o Presidente da Carris, e para que
o Diretor do Departamento de Limpeza Urbana usem este espaço. Foi pouco, mas
usaram e tentaram justificar as suas obras. Nós, eu sempre entendi, que o
programa "Câmara e Comunidade" era para que os Vereadores fossem
ouvir as opiniões, as necessidades e os problemas da comunidade. Muita coisa
neste sentido não ocorreu ontem.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para desfazer um engano e para que haja
justiça no pronunciamento de V. Exa., que, aliás, respeito muito como Vereador
e como político, quero dizer que talvez ontem os trabalhos não tenham sido
dirigidos tão brilhantemente quanto aos que V. Exa. tenha assistido. Eu
realmente representei o Presidente da Casa, foi uma reunião muito grande na
Vila São José, compareceram vários Vereadores, mas apenas para desfazer um
equívoco que talvez V. Exa. não esteja sabendo. Os Secretários que lá
compareceram foram a convite do Presidente da Associação do Bairro Partenon,
Sr. Adão Gonçalves. Eu perguntei, questionei, porque acho que o programa
"Câmara e Comunidade" pertence exclusivamente à Câmara, e ele disse
que tinha realmente convidado o Dr. Wilton Araújo, a Secretária de Educação e
Cultura para inclusive fazer a projeção de uns slides, bem como o Diretor da
Carris e o Diretor da Limpeza Pública. O problema, Vereador, tem que ficar bem
esclarecido, não foi nosso. A Câmara realmente paga o programa, e V. Exa. deve
ter visto ontem o sacrifício que esta Vereadora passou para dar a palavra tanto
aos líderes comunitários, como aos Vereadores presentes que estavam em número
de 9, e os que estavam lá sabem disso, inclusive a Ver.ª Jussara Cony estava do
meu lado e viu o sacrifício para poder estabelecer o tempo. Vereador, e os
Secretários, e os Diretores do Município, só usaram a palavra no fim, quando já
estava extrapolado de 20 minutos o tempo, usando 1 minuto cada um, porque não
seria delicado nem correto, Vereador - vamos pôr as coisas nos devidos lugares
-, não dar a palavra. Apenas para esclarecer isso, Vereador. Agora, também
concordo com V. Exa.: que o programa “Câmara e Comunidade” seja exclusivamente
de Vereadores e comunidade. Muito obrigado.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V. Exa. e até
desejo registrar, com justiça, a maneira com que V. Exa. se viu na direção do
programa. Em primeiro lugar, foi o primeiro programa em que não vi ser
apresentado um rol de oradores, o que normalmente ocorre nesses trabalhos
preliminares. Realmente, a Ver.ª Teresinha recebeu, ontem, uma situação “sui
generis” nesse tipo de reunião. Mas, a bem da verdade, volto a frisar: de tudo
que recebi ontem, tirei uma lição. E recebi um dado importante, que foi a
palavra do Presidente da Carris. Isso passou a me preocupar. Se o Presidente da
Companhia Carris, o homem que dirige 17% da frota, nesta frota do transporte
coletivo da Capital, afirma que a Carris está tendo lucro a ponto de dispensar
qualquer recurso do Município e quis renovar parte da sua frota, só não o
fazendo através de uma operação de crédito porque o Banco Central não o
permitiu, se essa afirmação é verdadeira, não há por que se dar aumento de
qualquer espécie aos empresários do transporte coletivo. E, se houver qualquer
aumento em favor dos transportadores, esse aumento será por conta e
responsabilidade do Prefeito e do Secretário dos Transportes, contrariamente à
afirmação daquele homem que no dia-a-dia trabalha com o transporte coletivo,
que é o Presidente da Carris. Ou o Presidente da Carris está falando a verdade
e o Prefeito está tutelando os interesses dos transportadores, ou o Prefeito
está falando a verdade e o Sr. Nélson Castan é um grande mentiroso.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do Orador.) Causou-me uma surpresa muito grande aquela batelada
de gente lá e agora sabemos que foram convidados a comparecer, mas, como tantos
outros que foram convidados, não falaram. Em segundo lugar, causou-me surpresa,
efetivamente, essa prosperidade da Carris e eu sempre disse: no dia em que a
Carris der lucro, é porque a passagem está superestimada, porque a Carris tem
custos que as demais empresas não têm, como assistência e uma série de coisas,
e tem linhas deficitárias. Mas terminou aí a minha irritação, porque, na
verdade, os outros dois motivos de irritação se devem a outras alternativas que
cabe ao PMDB esclarecer. Em primeiro lugar, aquelas ruas que o Dr. Wilton
anunciou tão alegremente foram todos recursos da EBTU repassados pelo Governo
do PMDB. O Sr. Ricardo Magadan não sei nem se foi convidado para a inauguração.
Em segundo lugar, o PMDB deveria investigar com o Meridional, porque ontem
foram acusados o PFL e o PMDB de ter impedido a operação de financiamento dos
ônibus. O PFL não tem nada a ver com o Meridional. Gostaria de que V. Exa.
investigasse.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para concluir, Sr.
Presidente, acho que, efetivamente, deve-se restaurar a verdade em cima desses
dados apresentados pelo Secretário Municipal Wilton Araújo e pelo Diretor da
Carris ontem. Se a Carris está tendo lucro e nós sabemos que o custo da Carris
é um custo quase que um terço a mais do que o das outras empresas, o custo
normal, é porque as outras empresas estão tendo um custo excepcional. Se a EBTU
não está repassando nenhum recurso, e a Prefeitura está fazendo calçamento de
ruas com o dinheiro na Nova República, está fazendo inaugurações dessas obras e
não diz a verdade sobre os recursos, é necessário que a METROPLAN e que a
própria EBTU se manifestem.
Já estou provocando esta manifestação, estou elaborando telex ao
Presidente da EBTU para que mande, com certeza, os valores enviados à
Administração Alceu Collares, e a aplicação desses recursos, porque o Sr.
Wilton Araújo, defensor, ontem, de que o cálculo da tarifa passasse por esta
Casa, que o preço da tarifa fosse homologado por esta Casa e contra qualquer
tipo de aumento para a tarifa de transporte coletivo, está, no Partenon, a
fazer inaugurações e festejar o dinheiro do PMDB sem fazer justiça a esses
recursos. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Eu gostaria de saber da Mesa...
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): A
Mesa gostaria de saber de V. Exa. onde embasa a presente Questão de Ordem?
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Por que um Vereador, só
porque é do PMDB, ultrapassa dois minutos?
O SR. PRESIDENTE: Como V. Exa. não embasou a
Questão de Ordem, a Mesa não recebe como Questão de Ordem, até mesmo por que o
Vereador já não está mais na tribuna. Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon, que
fala no tempo cedido pelo Ver. Marcinho Medeiros. V. Exa. está com a palavra por
dez minutos.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, já que o Ver. Clóvis Brum colocou o assunto do programa “Câmara e
Comunidade”, eu não poderia iniciar o meu pronunciamento sem me referir ao
assunto e me dirigir, especificamente, ao Sr. Presidente desta Casa. O programa
“Câmara e Comunidade”, em tão boa hora, contratado pelo ilustre Presidente,
Ver. Brochado da Rocha, tem uma penetração tão grande que tem atraído convites
para membros do Executivo. Quando estivemos no Passo D’Areia, a presença de
três Secretários do Município já haviam causado algumas preocupações e algumas
reclamações no seio da Bancada do PMDB, de que o programa é um programa “Câmara
e Comunidade” e não “Câmara, Executivo e Comunidade”. Já havia acontecido de
Vereadores colocarem suas posições e serem imediatamente contraditados e, de
uma certa maneira, contestados com alguma falta de ética nessas contestações.
Ontem, dirigia-me ao Partenon para fazer parte desse programa, ouvindo
a Rádio Sucesso, e, ao ser feita a nominata dos componente da Mesa, senti-me
sem condições perante a minha Bancada, exatamente, pelos problemas que haviam
sido levantados no Passo D’Areia, de comparecer a esse programa. Imediatamente,
fiz a volta e fui para casa escutar o programa de casa. E, para minha surpresa,
foi reservado exatamente o espaço final para os Secretários, onde a palavra
final e incontestável ficou para eles. Mais ainda, aproveitou-se o final do
programa para se convidar os participantes a assistirem uma sessão de slides do
Executivo. De modo que gostaria de manifestar a preocupação da Bancada do PMDB
e iremos discutir este assunto, em termos de Bancada, mas quero manifestar ao
Sr. Presidente a nossa preocupação, no sentido de que, se continuar ocorrendo
esse tipo de convite que sei que fogem da Casa, são convites feitos diretamente
das entidades aos Secretários, se a presença dos Secretários continuar
acontecendo, desvirtuando o programa que é da Câmara e da comunidade, temo que
a Bancada do PMDB seja obrigada a tomar uma posição, no sentido de não mais
comparecer ao programa "Câmara e Comunidade". Evidentemente, trata-se
de uma posição pessoal, mas pretendo levar à nossa Bancada, a fim de evitar
dissabores futuros para a Câmara.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, mais uma vez, desejo fazer justiça a
um trabalho desenvolvido pela Vereadora Teresinha Irigaray na condução dos
trabalhos. O esquema foi montado à revelia da Mesa Diretora da Casa e da
Direção dos trabalhos. Foi um esquema pré-montado por militantes do PDT que
levaram exatamente os Secretários que realizaram efetivamente algum trabalho
ali. O assunto fundamental era a extinção do terminal de ônibus da Alameda e,
para esse assunto, o Secretário dos Transportes não foi convidado. A coisa foi
tão safada que a pessoa que teria que tratar do problema mais sério para a
comunidade não foi convidada, que era o Ver. Elói Guimarães, Secretário e que
tem que dar fim àquela loucura.
O SR. FLÁVIO COULON: Bem, encerrando o assunto levantado
pelo Ver. Clóvis Brum, eu entro no pronunciamento. Em primeiro lugar, eu
gostaria de manifestar a minha preocupação pela demora do projeto da Secretaria
da Cultura em chegar a esta Casa. Eu faço um apelo ao Ver. Kenny Braga no
sentido de que agilize as coisas, em termos de Procuradoria do Município, para
ver se este ano, ainda, nós conseguimos votar esse Projeto. Projeto esse que
conta com a simpatia da Casa; Projeto esse que é de vital importância para a
nossa Cidade; Projeto esse que, segundo me consta, está muito bem elaborado
pela equipe do Prof. Joaquim Felizardo; Projeto que, pelo fato de o Prof.
Joaquim Felizardo ser um dos nomes lembrado para ser o futuro Secretário, já
conta, aqui, com uma grande boa vontade de toda esta Casa. Então, apelo à
Bancada do PDT no sentido que agilize a chegada a esta Casa desse Projeto que
cria a Secretaria da Cultura do Município.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu folgo em saber que a Bancada do PMDB, pela palavra
do seu Líder, é favorável a esse Projeto e, por ser favorável, vai apoiá-lo com
seu voto na hora em que vier para deliberação do Plenário. Eu tenho certeza de
que o próprio Prefeito Alceu Collares está interessado na implantação da
Secretária da Cultura, que é, também, uma reivindicação muito profunda, muito
séria, de um segmento muito expressivo da nossa comunidade que é o segmento dos
intelectuais, dos compositores, dos cantores, enfim, de pessoas que realmente
têm opinião e que sabem e conhecem o seu caminho. É uma reivindicação antiga e
eu tenho certeza de que, no momento em que a Secretaria for implantada pelo
Executivo, estará evidentemente atendendo a este reclamo de um segmento tão
expressivo que é o segmento de intelectualidade porto-alegrense. Então, eu folgo
em saber que o Líder da Bancada do PMDB é favorável ao Projeto e que certamente
votará nele, quando estiver aqui para deliberação do Plenário da Casa.
O SR. FLÁVIO COULON: Se Deus quiser e se o
Projeto vier bem elaborado, pois, pelo o que sei, ele está sendo bem elaborado.
Gostaria de registrar, também, por uma questão de justiça, aqui desta
tribuna, porque consegui receber a primeira resposta de um ofício do Secretário
Municipal dos Transportes. Hoje, 15 de setembro de 1987, é uma data histórica,
pois acabo de receber, com data de 09 de setembro, a resposta de um ofício que
encaminhei no dia 22 de junho ao Ver. Elói Guimarães, a quem presto minhas
homenagens, neste momento. Por outro lado, aproveito, também, para solicitar
uma maior agilidade num Pedido de Informações que fiz, a respeito da FESC, que,
até agora, não recebi ainda essa informação. Para terminar, transmito, aqui,
uma solicitação recebida pelo meu gabinete. Todos sabem que me coloquei contra
a publicação de salários, por parte do Governo, em termos de Governo do Estado.
Sempre achava que as coisas deveriam ser conduzidas da maneira como o foram,
colocadas à disposição. Mas, no meu gabinete, tenho recebido diversos
telefonemas, e passo isso, agora, à Liderança do PDT. Solicitam-me que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, a exemplo do que fizeram todos os Executivos, também
coloque à disposição da imprensa a lista dos vencimentos de todos os seus
servidores, para que a sociedade, dentro daquela transparência que foi pedida
aqui, por muitos integrantes da Bancada do PDT, ao Governo do Estado, no
sentido de que também, façam a sua transparência e que também coloquem à
disposição da imprensa a relação de todos os vencimentos dos servidores
públicos municipais, para que possamos ver qual é o desenvolvimento dessa folha
de pagamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Brochado da Rocha.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, cumpre-me o dever de agradecer à Ver.ª
Vice-Presidente da Casa por ter dirigido, ontem, os trabalhos do programa
“Câmara e Comunidade”. Por outro lado, tendo ouvido atentamente o programa,
quero registrar os meus cumprimentos a S. Exa., porque sei das dificuldades inerentes
àquela atividade e, portanto, sei dos esforços que S. Exa. fez para bem dirigir
os trabalhos. Outrossim, acho ainda que S. Exa. deveria receber os parabéns por
ter dirigido um programa que chegou a provocar debates na Casa. Isso é sinal,
Sra. Presidenta, de que V. Exa., na condução dos trabalhos, logrou êxito, como
logra o programa. Digo isso porque a Câmara Municipal de Porto Alegre, assim
como os demais Legislativos brasileiros, está colocada à margem. A Velha e a
Nova República são exatamente iguais. Odeiam os Legislativos. Por quê? Não sei.
Alguns membros que, até bem poucos dias, militavam nos Legislativos e neles
tinham suas origens, tão logo chegaram aos Executivos, colocaram suas gravatas,
e parece que também suas bravatas e suas imbecilidades. Digo isso em todos os
níveis, Sra. Presidenta. Nasci na vida pública no Legislativo. Acho que ele não
é o melhor, mas, certamente, ele é muito melhor do que a média dos Executivos
que conhecemos no Brasil. E quero dizer, ainda, que todos aqueles que hoje
levantam sua voz contra os Legislativos estão a se esquecer que eles próprios
são filhos de um Legislativo e que calcaram suas vidas públicas no Legislativo.
Quero dizer, também, que, para que o Legislativo se afirme, é necessário que,
nesta Pátria, haja democracia, não formal e sim real. O Legislativo tem vários
perseguidores e tem, sobretudo, em seus próprios filhos, que nasceram dele, os
seus inimigos; isso é comum na história do mundo, isso é comum na história do
Brasil, não me surpreende, pelo contrário, é uma história que se repete na
história do Brasil. Agora, quero crer, quanto ao programa propriamente
invocado, Sra. Presidente, que, quando decidimos pela realização do programa,
não decidimos em benefícios pessoais, ou de partido A, B ou C; fizemos,
tão-somente, para pautar o Legislativo com a sua atuação, e muito mais para dar
importância a quem elegeu, quer os Vereadores presentes, e quer, até mesmo, o
Executivo existente em Porto Alegre. De tal sorte que aquilo que começava
embrionariamente com a descrença de muitos está crescendo - eu diria ao Ver.
Flávio Coulon, não desista, na ditadura foi muito mais difícil, tão difícil que
ela ainda não foi varrida, e as nossas cabeças estão a prêmio, inclusive a sua.
A democracia é uma vida de paciência, há que ter paciência, há que suportar as
idiossincrasias próprias daqueles que nasceram ou se fizeram autoritários;
independente de ideologias, existe o autoritarismo, existe a crendice dogmática
da verdade absoluta estar repousada em A ou B; todos nós sabemos que os grandes
líderes, via de regra, levaram a humanidade a grandes desgraças. Tudo isso nos
leva a dizer e dirimir a questão de uma maneira formal: “Câmara e Comunidade” é
aberto a tudo e a todos; um fórum e foi idealizado como um fórum, quem são os personagens
de um fórum? É a Câmara, como Câmara, e a comunidade, como comunidade. Temos de
dar acolhida a todos, agora os outros, a meu juízo, são apenas testemunhas
referenciais se não fizerem parte da comunidade ou da Câmara. Por analogia,
temos aplicado o Regimento Interno. Então, caberá aos Secretários na medida em
que também dá medida o Regimento Interno quando a Câmara decide ou quando ele
deseja ser convidado cabe à Câmara passar pelas Lideranças e encaminharmos o
problema dentro da autonomia que cerca este Poder. Se este Poder não tiver
autonomia, é melhor fecharmos as portas e irmos embora. Não estamos aqui para
ser cupinchas de quem quer que seja. Aliás, se quiséssemos ser cupinchas, já
teríamos mil oportunidades. Não temos nenhuma vocação. Cupinchismo é uma
vocação e tem muita gente que nasce com essa vocação e tem muita gente que
gosta de cultuar os cupinchas em torno. Aqui não é Casa de cupinchas. Aqui é a
Casa dos eleitos até deixarem de o ser. Este é o entendimento, Ver.ª Bernadete
Vidal, que é oriundo, afinal de contas, das lições que aprendi em “Teoria Geral
do Estado”, as mais elementares que se aprende no primeiro ano da Faculdade.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Declaro-me bastante constrangida porque já há dois
programas sinto que vamos lá enriquecer o espetáculo para o Executivo. Tive
essa sensação. Quando a gente chegou lá, o Secretário de Obras já havia passado
por lá, a fim de colocar algumas lâmpadas pela redondeza, resolvido alguns
problemas. Isso aconteceu no IAPI também. O Executivo, com sua máquina
extremamente mais poderosa do que a nossa, já havia feito uma visita
anteriormente. Eu, que sou das mais assíduas ao programa “Câmara e Comunidade”,
estou-me desestimulando em comparecer porque realmente não gosto disso. Entendo
a democracia, acho que os Secretários têm direito de falar, mas não apóio muito
a idéia de enriquecer e dar público para um espetáculo do Executivo. A Sra.
Presidente viu ontem e os outros Vereadores, a Câmara foi até agredida porque
não deixava a todos falarem, porque tinha muita gente.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Vereadora, "data
venia", eu escutei o programa e convidaria V. Exa. a escutá-lo novamente,
eis que está gravado. Eu mostraria o primeiro e o último programa,
evidentemente para ver que este programa efetivamente atende não a nós
Vereadores talvez, mas está atendendo à comunidade. Eu repito, a quem quer que
seja, que ele não serviu para a comunidade. Se ele não serviu para a Câmara,
como Câmara, se ele não serviu o Governo, como Governo, apontando os caminhos,
eu quero crer, que a vida pública é medida na sua utilidade e, nesta
reconstrução da democracia, nós temos que caminhar, nós temos que buscar as
nossas aspirações e as nossas decisões e os nossos caminhos. Agora, repito, é
de praxe e foi seguido ontem, os Srs. Secretários falaram no fim até por uma
concessão. Agora, se quiserem inverter de não falar, a Câmara é soberana de não
falar. Chamo a atenção para um detalhe da comparação entre primeiro e o último.
Por acaso a Vereadora estava lá no primeiro e estava no último, não tinha
falhado. Eu estava só no primeiro, mas ouvi o último atentamente, eu quero crer
que a Câmara de Vereadores cumpre um roteiro até mesmo de fazer com que
Secretários compareçam, até mesmo, é um caminho da Câmara. Agora, acho que como
nasci e aprendi acho que há partes em todas as coisas há partes, no caso do
programa "Câmara e Comunidade", tem duas partes: a Câmara Municipal,
como Câmara, é uma parte, a comunidade é outra parte, os demais são meros
convidados e, como tal, devem ser encarados e, como tal, devem ser tratados
como convidados que certamente podem entrar na sala, mas certamente não
entrarão na cozinha. Acho que, dizendo isto, digo tudo e digo de uma forma bem
clara, e quem não souber se comportar como convidado também deve ser tratado
como inconveniente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz cede seu
tempo à Ver.ª Jussara Cony, que está com a palavra.
A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Iniciamos o nosso pronunciamento de hoje lendo notícia veiculada na
quarta-feira, na “Folha de São Paulo”, sobre o posicionamento do Presidente da
República: “O Presidente José Sarney tomou como um golpe do PMDB contra seu
governo, a decisão do Ministro da Previdência, Rafael de Almeida Magalhães, de
transferir para as Secretarias Estaduais de Saúde a organização de atendimento
médico, até este ano centralizada no INAMPS e controlada pelo Ministério. Entre
amigos, Sarney tem dito que esta iniciativa, tomada em junho passado, não passa
de uma manobra que visa reforçar o PMDB que elegeu quase todos os governadores
estaduais, em detrimento do poder de negociação política do Executivo que, no
controle da assistência médica, credenciava hospitais e atendia diretamente a
uma série de outras reivindicações, que chegavam ao Ministério da Previdência,
normalmente através de senadores e deputados.”
Este é o texto da notícia, na íntegra, extraído da “Folha de São
Paulo”. Em primeiro lugar, nós queremos criticar e repudiar, veemente, o fato
de o Presidente Sarney considerar o organismo do Estado como órgão a ser
negociado em proveito próprio, ou do seu grupo ou de grupos como um instrumento
de barganha política. Para o Sr. Presidente da República, o Estado não é uma
instituição que deva estar a serviço do povo. Deve estar, no nosso entender, a
seu serviço. Por isso, com certeza, é que o Presidente Sarney não hesita em
utilizar a máquina do Governo para tentar, através de favorecimentos, os mais variados,
inclusive a deputados e senadores na Assembléia Nacional Constituinte, levar a
cabo sua intenção de permanecer por mais 5 anos no poder. E permanecer no poder
com os poderes plenipotenciários que o presidencialismo confere. Aliás, fatos
como estes demostram bem a que serve este sistema de governo, ao abuso do poder
pessoal ou de grupo, ao uso da máquina do Estado para proveito de grupos bem
definidos e, no caso concreto, grupos bem definidos, os famosos grupos da
indústria da doença em nosso País. Nós queremos dizer, como profissional da
saúde, como Vereadora, que a nossa preocupação não se prende ao fato de os hoje
governos estaduais ou municipais estarem nas mãos deste ou daquele Partido,
PMDB, PDT, em relação a esta questão da saúde. Nossa luta em saúde, hoje, tem
que ser junto às organizações das sociedades exatamente por aquilo que o
Presidente Sarney quer, a exemplo do que faz na Assembléia Nacional
Constituinte, atropelar as decisões da 8ª Conferência Nacional de Saúde, da
qual participamos, que foi legitimada pela ampla participação dos segmentos
organizados do movimento sindical, do movimento comunitário, dos profissionais
de saúde e, inclusive, da área institucional e de todos aqueles setores
interessados e por isso se constituiu num fórum mais amplo e representativo
para encaminhar resoluções no que tange à questão da saúde e, inclusive, para
influenciar no processo da Assembléia Nacional Constituinte. A Conferência
Nacional de Saúde definiu com clareza questões fundamentais como a necessidade
de implantação, no nosso País, de um sistema único e público de saúde,
estabelecendo inclusive o caráter complementar do setor privado e se
posicionando por um modelo de estatização progressiva do setor. Dos princípios
elaborados na 8ª Conferência Nacional de Saúde, devem ser garantidos inclusive
na Carta Constitucional, uma vez que todo o processo de organização, de
participação, de realização da própria Conferência teve como objetivo a
materialização destas propostas para influir no processo da Constituinte. Que
propostas são estas? Em primeiro lugar, a constituição deste sistema único de
saúde. Uma outra questão fundamental, exatamente, o dever do Estado em garantir
este sistema único e público que permita o acesso universal, igualitário de
todo os cidadãos, às ações de saúde em todos os níveis, sem discriminação.
Também a definição concreta e precisa da participação do Estado quanto ao
percentual que deve financiar o sistema único de saúde, a definição da
prioridade do setor público na execução do sistema, explicitando o caráter
meramente complementar do setor privado, apontando o sentido progressivo da
estatização e a necessidade da estatização de setores estratégicos, como é o
caso da indústria química-farmacéutica. Então, a luta, hoje, de todos esses setores
da área de saúde, representativos da sociedade organizada, é por fazer valer,
por exemplo, o que nós conquistamos aqui em Porto Alegre, através da Comissão
Interinstitucional Municipal de Saúde que oportuniza a própria participação
popular. É necessário, no momento em que, mais uma vez, com todo poder
político-econômico que detém o Executivo, que detém o Presidente Sarney, a
unidade dos amplos setores comprometidos com as reais necessárias mudanças para
o País, para fazer valer as Resoluções da 8ª Conferência Nacional de Saúde,
que, no seu fecho, inclusive, teve a presença do Presidente Sarney, que,
perante mais de 5 mil pessoas, declarou a Conferência Nacional como a
pré-Constituinte em saúde no nosso País. Pode-se ver, então, Srs. Vereadores, a
ingerência, neste momento, num setor estratégico para a própria segurança
nacional, com a conivência do Sr. Presidente da República, de forças bem
definidas para poder continuar a garantir a penetração das multinacionais no
setor de saúde, tanto na retaguarda industrial, como no setor de prestação de
serviços. Aliás, é exatamente nesse setor que o Sr. Presidente não quer a
estadualização e a municipalização dos serviços de saúde. Pode-se notar,
também, por essa atitude arbitrária, mais uma vez, do Presidente José Sarney, o
total desrespeito ao processo de organização popular para a definição de
políticas de saúde, dentro de um processo de participação, de centralização e,
por conseqüência, de democratização das decisões que se levaria na aplicação da
municipalização e da estadualização dos serviços de saúde, oportunizando à
comunidade de decidir concretamente as ações de saúde no seu Município através
das suas entidades representativas e através dos setores institucionais
envolvidos e com o dever de prestar um atendimento digno, da prevenção à
assistência, à população, porque saúde tem que se constituir, neste País, num
dever do Estado e num direito do cidadão. Não do Estado autoritário, não na
concentração exatamente para uma política de favores, nas mãos do Sr. Presidente
da República. Podemos ver também, através de uma atitude como essa, o quão é
nefasto o sistema de governo que concentra o poder político-econômico num
monarca que esteja de plantão que, após todo o processo de luta do nosso povo,
que culminou na 8ª Conferência Nacional de Saúde, exatamente para poder
participar sobre as decisões, nessa área vem ostensivamente - repito - por
interesse pessoais e de grupos, a própria notícia do Presidente José Sarney
comprova isto, tentar retroceder uma conquista dos profissionais de saúde, dos
sindicatos, dos movimentos comunitários e populares. É nesse sentido que não
temos a menor dúvida de que a COSMAM, a Comissão da Assembléia, por
participações em comum, que a própria Comissão Interinstitucional Municipal de
Saúde, em Porto Alegre, com a Participação desta Casa, lá representada pelo
Ver. Nilton Comin e esta Vereadora, que a sociedade organizada através das
entidades, mais uma vez, terá que fazer frente a esse golpe contra os avanços
populares para impedir, exatamente através da institucionalização e da
municipalização e da estadualização dos serviços de saúde, a plena participação
popular em definir políticas de saúde que atendam aos reais interesses do nosso
povo e não às políticas que continuam sendo definidas, neste País, pelo poder
plenipotenciário de um Presidente, não eleito pela população, vindo favorecer à
indústria da doenças e às multinacionais, os grupos bem-definidos que vêm, há
anos e anos, ganhando muito em detrimento da saúde de nossa população. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom
Guatimozim em tempo cedido pelo Ver. Paulo Sant’Ana.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Jorge Goularte falou da tribuna há pouco num dos problemas
de grande preocupação de nossa Pátria toda, que é o problema da habitação. De
fato, a habitação, cujo problema parecia resolvido através da criação do BNH se
transformou, depois, num verdadeiro suplício para o brasileiro. A Lei Federal
4.380, que criou o BNH, estabeleceu a correção monetária nos contratos
imobiliários de interesse social, mas para uma inflação prevista de 50%, mas a
inflação brasileira atingiu em determinada oportunidade mais de 200%, fazendo
com que os mutuários não pudessem resistir ao reajuste que era aplicado pelo
Banco Nacional de Habitação. A solução era extinguir o BNH, que antes,
gabavam-se, estava servindo de “know-how” para outros países, de modelo para
países desenvolvidos, até parece brincadeira. Para mim, o BHN foi apenas uma
tentativa válida, que foi destruída pela inflação brasileira, pelo plano
econômico.
Mas, agora, a Caixa Econômica Federal abriu inscrição para prédios
usados, já habitados. Mas, vejam os Srs. Vereadores que a burocracia do
Governo, que a falta de realidade da situação econômica do País, a ignorância
dos Ministros desta área é tão grande que ninguém consegue um financiamento da
Caixa Econômica Federal, desde que abriu, de 500 pessoas atendidas, apenas 24
tinham condições para comprar um prédio já usado. Essas condições já foram
abordadas aqui pelo Vereador Jorge Goularte. Gostaria, apenas, de aprofundar um
pouco mais. Uma das condições que liquida, completamente, aquele que deseja
adquirir um imóvel é que tem que ter um saldo médio, nos últimos 6 meses,
equivalente a 50% do valor não-financiável. Então, há necessidade de que ele
tenha uma poupança, e tem que ser da Caixa Econômica Federal, não pode nem ser
do Banco do Brasil. A única condição, entre todas que foram estabelecidas, que
foi estabelecida e que achamos justa, é que não tenha o pretendente um outro
imóvel, isso eu acho justo. Mas o resto é praticamente impossível de cumprir
pelo trabalhador, pela classe média, veja, por exemplo, que ter uma renda
familiar 3 vez superior ao financiamento, a prestação do imóvel. Tem que ser
uma classe média forte, ou aquele que tem condições de adquirir o imóvel,
através de um outro processo.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu cumprimento V. Exa. por continuar neste assunto,
porque eu penso que cada vez tem que ser mais falado, para que se tenha em
mente que apenas os que não precisam de financiamento é que podem fazê-lo. Da
maneira que está, os obstáculo são tantos, que é impossível o trabalhador
utilizar esse benefício.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Agradeço a V. Exa. E o que
acontece com quem quer comprar o imóvel e não tem conta na Caixa Econômica?
Vamos admitir que uma pessoa tenha condições, mas não tenha conta na Caixa
Econômica, aí ele vai receber o financiamento seis meses depois que ele
depositar na Caixa Econômica 50% do não-financiável. Ele tem que depositar e só
seis meses depois que vai entrar no páreo.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Completando o que V. Exa. fala, nesses 6 meses, já
subiu o imóvel. Mas existe um jeitinho. Eu tenho conhecimento extra-oficial de
que há um jeitinho. É o amigo do construtor que trabalha na Caixa e esse amigo
dá o jeitinho e aí saí, Vereador. E por aí vai. Nós temos que organizar o jeitinho,
se nós continuarmos dando um jeitinho, mais um jeitinho, mas infelizmente não
se dá jeitinho para quem precisa.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Agradeço o aparte da Ver.ª
Bernadete Vidal. Um imóvel que tem o valor de 1 milhão e 200 mil cruzados, fica
com uma prestação de 14 mil cruzados. Vejam bem, 14 mil mensais para uma renda
familiar de 47 mil cruzados. Não é uma renda de família de trabalhador, é o que
recebe mensalmente um professor universitário do último nível, auxilia-me o
Ver. Flávio Coulon.
Mas esse imóvel de um milhão e 200 mil cruzados ele é pagável em 15
anos. Vejam bem, 15 anos pagando imóvel velho, usado, sendo que 20%, ou seja
240 mil cruzados devem ser pagos à vista, já que o financiamento é de apenas
80%. O financiamento da CEF é um financiamento para burguês, uma classe média
forte ou aquele que pode adquirir. Quem vive de salário não pode adquirir o
imóvel. Mas existe algo, ainda, que impossibilita adquirir é que existe um
reajuste mensal, porque ele fica baseado na equivalência salarial - Unidade de
Referência de Preço (URP). Então, o prédio velho comprado pela classe média
brasileira terá um reajuste mensal, enquanto os salários nós sabemos que não
têm reajuste mensais. E além disso, Srs. Vereadores, há um limite, o prédio não
pode passar de 2 milhões e 16 mil cruzados, já que o limite é cinco mil OTNs,
isso no momento. Então, fica o financiamento que a Caixa Econômica Federal
oferece, hoje. Oferece para quem? Acabou-se o Banco Nacional de Habitação, que
era exploração do brasileiro, e a Caixa Econômica oferece com condições que
ninguém pode cumprir. O trabalhador está eliminado do processo habitacional. O
trabalhador fora - e eu me lembro daquela antiga marcha de carnaval, do tempo
do Ver. Flávio Coulon, que falava do pedreiro Waldemar que faz casa e não tem
casa para morar, do tempo do Ver. Lauro Hagemann, também. Então, o trabalhador
vai continuar nessa. Faz casa e não tem casa para morar. Não tem condições para
obter esse financiamento porque não preenche essa barbaridade que a Caixa Econômica
Federal esta a exigir. É brincadeira, que ofereçam ao trabalhador brasileiro, à
classe média, ao assalariado, ao funcionário público essas condições. Essas
condições oferecidas ao funcionário público, hoje, quatorze mil mensal, em um
prédio de um milhão e duzentos. Mas se o prédio custar dois milhões de
cruzados? Será vinte e oito mil cruzeiros mensais. Quem é o funcionário público
que pode pagar isso, senão os marajás? Qual é o trabalhador brasileiro que pode
pagar? Esse financiamento, o Sr. José Sarney deveria oferecer lá no Maranhão
para a sua família que é bastante numerosa e está em uma excelente situação
econômica. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. Com a
palavra, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, é uma pena que meu histórico pronunciamento não tenha ninguém do
GUS para ouvi-lo. Mas tenho certeza absoluta de que o nobre Líder do PDT levará
a eles minha solidariedade. Como sempre tenho dito, nada como uma boa leitura
dos jornais, eis que a “Zero Hora” de hoje, na Coluna do jornalista Terlera,
Coluna Bastidores, estampa uma manchete: “Brizola censura divisão no PDT”. O
Presidente Nacional do PDT, Leonel Brizola, quer um acordo entre as correntes
do Partido para eleger o novo Diretório Regional, não admitindo divisões
internas que possam prejudicar a sigla. A informação vagou, ontem, de vários
trabalhistas que tiveram contato com Brizola, quando de sua última visita ao
Rio Grande, no fim de semana passado. Momentos antes de embarcar sábado, daqui
para Montevideo, teve contatos reservados, um dos quais com Mateus Schimith,
que é um dos candidatos à Presidência. Apesar de não ter sido tomada até o
momento nenhuma medida, sabe-se que a própria convenção do PDT será realizada
só em final de outubro ou meados de novembro. Isto significa, única e
exclusivamente, que mataram o GUS. E aquela conversa que eu ouvi aqui, de que o
importante é o debate interno, é o choque entre as correntes, é a batalha
eleitoral que enobrece o Partido, aquela conversa toda, meus amigos, o Dr.
Leonel Brizola matou no sábado. E aqueles meus bravos companheiros do GUS, que
tão apaixonados pronunciamentos fizeram desta tribuna, a respeito da disputa
democrática dentro do seu Partido, estão acachapados que nem aqui presentes
estão. É a eles que quero levar a minha solidariedade neste momento triste e
trágico de sua luta, porque, se Leonel Brizola disse que não quer divisões, não
haverá divisões. A partir de amanhã, eu terei a tristeza de ver o meu colega
Kenny Braga, o meu colega Adão Eliseu, o meu colega Pedro Ruas, brilhantes
colegas, virem aqui, às lágrimas, apresentar este funeral deste movimento que
começou tão bonito, tão cheio de esperanças e idealismo, mas que bastou uma
passagem, via Montevidéu, bastou uma descida aqui do ilustre e sempre lembrado
Governador Leonel Brizola...
O Sr. Getúlio Brizolla: Para um requerimento.
(Assentimento da Presidência.) Pediria verificação de “quorum”, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa vai esperar que o
orador termine seu pronunciamento e fará verificação de “quorum”.
O SR. FLÁVIO COULON: Agora, Sra. Presidente, que
eu ia fazer apologia do Governador Leonel Brizola e homenagem ao Ver. Getúlio
Brizolla, ele tenta me cassar a palavra. Eu tenho certeza, Sra. Presidente, com
toda a sua democracia, sua beleza, com toda a sua simpatia, de que este é o
verdadeiro PDT e não aquele que cassa a palavra cada vez que se tenta falar do
grande Líder Leonel Brizola.
Estou na tribuna e não posso sair da tribuna por uma Questão de Ordem,
Ver. Getúlio Brizolla.
A SRA. BERNADETE VIDAL
(Questão de Ordem): Eu gostaria de apelar, face aos sucessivos problemas que têm sido
causados pelo Ver. Getúlio Brizolla, que se cumpra o Regimento, que se atende
para o decoro parlamentar.
Nós estamos vendo esta Casa ser empanada no seu trabalho por Questões
de Ordem mal feitas. Eu classificaria como um atentado ao Regimento Interno e
ao decoro desta Casa.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Eu estou dentro do Regimento Interno. Eu pedi verificação de “quorum”.
No momento em que pedi, eu assumi o meu pedido.
A SRA. PRESIDENTE: A Presidência sabe que V.
Exa. está dentro do Regimento Interno e acolheu o pedido de V. Exa., apenas
disse que o orador terminaria o seu pronunciamento e que, logo após, faria a
verificação de “quorum”. A Mesa assegura a palavra a V. Exa. por mais dois
minutos e acolhe, também, a Questão de Ordem da Ver.ª Bernadete Vidal.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente, face ao
grave atentado à liberdade de expressão que acabo de sofrer, sinto-me sem
condições morais de continuar o meu pronunciamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa vai atender ao Ver.
Getúlio Brizolla e fará verificação de “quorum”. Convido o Ver. Raul Casa para
secretariar os trabalhos.
(O Sr. Raul Casa procede à verificação de “quorum”.)
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: Sra. Presidente, há nove
Vereadores no Plenário. Não há “quorum”.
A SRA. PRESIDENTE: Não há "quorum",
estão levantados os trabalhos.
(Levantam-se os trabalhos às 15h52min.)
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